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Disputa entre bancos e setor de apostas expõe divergências

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O embate entre o setor financeiro tradicional e as casas de apostas ganhou novo capítulo com a troca de críticas entre o Instituto Brasileiro de Jogo Responsável (IBJR) e a Federação Brasileira de Bancos (Febraban). De um lado, o IBJR acusa os bancos de “hipocrisia” ao relacionar o aumento do endividamento à expansão dos jogos de aposta; de outro, a Febraban alerta para o avanço de ilícitos financeiros desde a legalização das bets no país.

IBJR critica hipocrisia de bancos sobre endividamento

Em nota, o IBJR classificou como “contradição insustentável e ato de profunda hipocrisia” as declarações do setor bancário sobre o impacto das apostas esportivas nas dívidas dos brasileiros. O instituto argumenta que o principal fator de endividamento das famílias é o cartão de crédito que, segundo a Confederação Nacional do Comércio (CNC), responde por mais de 80% das dívidas registradas.

A entidade afirma que os bancos “tentam desviar o foco de seus próprios privilégios estruturais” e lembra que o cartão de crédito sequer é aceito pelas casas de apostas regulamentadas no Brasil. O IBJR defende que o mercado de jogos de aposta deve operar sob regras claras, com fiscalização e transparência, para garantir segurança ao consumidor e integridade ao sistema.

Presidente da Febraban criticou bets

Em resposta indireta, o presidente da Febraban, Isaac Sidney, classificou as apostas esportivas ilegais como uma “vulnerabilidade do sistema financeiro” e afirmou que os riscos de crimes financeiros “explodiram” desde a legalização das bets.

Durante o 15º Congresso de Prevenção à Lavagem de Dinheiro, Sidney disse que o Estado “errou bem a mão” ao legalizar os jogos on-line, destacando que o crime organizado tem se infiltrado em cadeias lícitas da economia. Segundo ele, os bancos “precisam manter vigilância” sobre recursos suspeitos associados a apostas e reforçar barreiras para impedir brechas no sistema.

A Febraban defende a criação de uma lei federal que autorize o bloqueio de operações suspeitas, reforçando a atuação de órgãos como Banco Central e Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) no combate ao uso indevido de recursos oriundos de jogos de aposta.

Esportes mais populares nos jogos de aposta

Dados recentes de uma operadora autorizada mostram que o futebol concentra 88% dos jogos de aposta realizados no país, seguido por tênis (7%) e basquete (3%). Entre os campeonatos mais procurados, o Brasileirão lidera com 11,8% das apostas, à frente da Série B (5,1%) e da Copa Libertadores (4,5%).

Nos esportes com valores médios mais altos por aposta, a Fórmula 1 ocupa o topo, com ticket médio de R$ 168,92, seguida por futebol americano (R$ 134,91) e rugby (R$ 127,31). Já o valor mais frequente de aposta entre os usuários é de R$ 5,00 — padrão que demonstra a predominância de apostas de baixo valor, embora o volume de transações seja elevado.

Esses números reforçam a consolidação dos jogos de aposta como parte relevante do entretenimento esportivo no país, com forte presença nas principais ligas nacionais e internacionais.

Comparação entre apostadores e investidores

Um levantamento da Anbima em parceria com o Datafolha mostra que 15% da população brasileira fez pelo menos uma aposta on-line em 2024. Enquanto 59 milhões de brasileiros (37% da população) investem em produtos financeiros, o estudo identificou que 23 milhões já realizaram apostas.

Outros 4 milhões afirmaram enxergar as plataformas de jogos de aposta como uma forma de investimento. Percepção que especialistas consideram preocupante, dado o caráter de risco e imprevisibilidade dessas operações.

Os dados revelam que, embora as apostas online tenham se popularizado de maneira expressiva, a relação dos brasileiros com o mercado financeiro formal ainda é limitada. O contraste entre a alta adesão aos jogos de aposta e a baixa participação em investimentos tradicionais evidencia o desafio de ampliar a educação financeira e o uso responsável de ambos os segmentos.

Redação
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